Anrique Dias

Anrique Dias
24.5.15

(Em)

Negro Crioulo
Fôrro

Acerca de sua pessoa
Quase nada se sabe

(Era Muito Velho, provavelmente nascera antes ou no inicio do século XVII)

Escravo ou liberto
Não se sabe
Ao certo

Cavaleiro da Ordem de Cristo
Foi fidalgo
É fato

 Serviu na guerra desde 1630
Com praça de Capitão de homens pretos

1633
Em um gesto de bravura
Ofereceu-se “para servir com alguns de sua cor em tudo o que lhe determinasse”
Ao general Matias de Albuquerque

(Reuniu-se à tropa de luso-brasileiros que sofrera pouco antes golpes sérios)

Am Em

15 de julho de 633
Holandeses partem do forte dos Afogados (Prins Willem)
Ao ataque do Engenho São Sebastião (Atual bairro do Curado)
Henrique Dias e mais 20 dos seus saem vitoriosos
Am G Gbm Em
Por um tiro de mosquete é ferido

Dias é sucessivamente atingidos pelos tiros de mosquete 8 de setembro – Igarassu; 30 de março de 1634 – Arraial do Bom Jesus, mas a 6 de dezembro daquele ano “matou por sua mão” cinco dos contrários; 26 daquele mês – é ferido ao defender na Várzea o Engenho Santo Antônio.

Am G Gbm Em
– A luta prosseguiu, com o inimigo tentando estabelecer o cerco.

 A tomada da Paraíba em fins de 1634 possibilitou aos invasores atacar, com todo o seu poder, o Arraial Velho em começos de 1635. Matias de Albuquerque dividiu as suas tropas para a defesa desse reduto e do Forte de Nazaré. Aquele foi entregue ao comando de Andres Marin, e Henrique Dias ficou sob as suas ordens. Em março Arciszeweky iniciou o assédio.

 Henrique Dias lutou na retomada do Oiteiro do Conde (morro da Conceição) em 21 de março, depois recapturado pelo inimigo, e a 18 de maio no Oiteiro do, Barbosa. “Mas a maior peleja era a da fome, que ia chegando a tal ponto que já de tudo se valiam os nossos . . . Nem o valor nem a constância dos defensores do Arraial bastou para que êle não se perdesse; porque afinal faltou tudo o que servia de sustento, consumiram-se cavalos, couros, cães, gatos e ratos, com que se alimentavam. E quando ainda houvesse alguma destas imundas coisas, não existia mais pólvora nem outra qualquer munição”.

 Am G Gbm Em
A 8 de junho rendeu-se o Arraial .

Bm Em
Janeiro de 1637
Chega ao Recife o Conde João Maurício de Nassau-Siegen

18 de fevereiro
Batalha de Porto Calvo
Teve a mão esquerda atingida por bala de pelouro
Tirando a mão esquerda ainda lhe ficara a direita para se vingar

Henrique Dias, que tomou parte na batalha, “com os seus negros, procedeo muito bem, e lhe derão hua pelourada no brasso esquerdo de que lhe cortaram a terça parte delle”.

Se dizia que os holandeses atiravam com balas ervadas com toucinho, e que aos feridos logo lhe davam herpes, e mandou ao cirurgião que lhe cortasse a mão por a junta do pulso, o que se executou, e sarou em breve tempo”

 Am G Gbm Em
Bm Am G Gbm Em
Derrota em Porto Calvo

Filipe III (de Portugal, ainda quando era na Côrte de Madrid desconhecido o desfecho do ataque à Bahia).
Lhe fez mercê

Em carta de 21 de julho de 1638 à Princesa Margarida, diz o Rei: “Vy o que me escrevestes em carta vossa de nove de Junho passado acerca do valor, com que o capitão Rebelinho, capitão Souto e o governador dos negros Henrique Dias, me tem servido na guerra do Brasil, e conformando-me em tudo com o que vos pareceo na dita carta; Hey por bem de fazer merçe a estes tres homens do habito das tres ordens militares que cada um delles escolher com promessa de hua Comenda, quarenta escudos de soldo cada mez, e o foro de fidalgo, as quaes merçes lhe hirão nesta Armada” [do Conde da Tôrre], “com ordem para que sem embargo do que dispoem os diffinitorios das ordens lhes dêm logo os habitos não constando de deffeitos cuia dispensação toque a Sua Santidade”[1].

 [1] TORRE do Tombo, Mesa da Consciência e Ordens, códice 34, fls. 95v. Ao registro desta ordem, na mesma folha, segue-se o do decreto da Princesa: “A Mesa da Consciencia e Ordens pelo que lhe toca dará cumprimento a esta carta de Sua Magestade ordenando que se passem os despachos aos capitães Francisco Rabello, Sebastião do Souto e Henrique Dias e lhe vão nesta Armada e da forma em que se dispôs se avisará ao secretário Francisco de Lucena. Em Lisboa a 5 de agosto de 1638. A Princeza Margarida”.

Uma das vias originais da carta de comunicação da mercê, dirigida ao Conde da Torre e autografada pela Princesa, encontra-se nos chamados códices do Conde da Torre (29 volume) do Arquivo Histórico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamarati); está datada de Lisboa, 22 de agosto de 1638 e diz: “Pella satisfação com que fico dos serviços e procedimentos dos capitães Francisco Rabello, Sebastião do Soutto e do governador dos negros Henrique Dias, lhe mandey aggradecer por cartas minhas que serão com esta, e assy lhe fiz merce de habittos das tres ordens militares que escolhessem, quarenta cruzados de soldo cada mes e o foro de fidalgo de minha casa, mandando que os despachos lhe fossem nesta Armada, do que vos quiz avisar para o terdes entendido e fazerdes que se lhe de as cartas e vos encomendo que tenhaes toda a conta com suas pessoas e serviços occupando nelle nos lugares em que couberem” .

 O Barão do Rio Branco Efemérides Brasileiras, edição do Ministério das Relações Exteriores (Rio, 1946) p. 343 erra ao indicar como 28 de julho de 1637 a carta-régia que transcrevemos no texto, de 21 de julho de 1638.

Em
25 de março de 1645
Enrrique Dias fugiu da estancia com toda sua gente
Pois lhe foi negado o direito de ver a família

Partiu o Filipe Camarão com seus índios a caçar o fugitivo
Vidal de Negreiros anunciou aos Holandeses sua prisão
Caso entrasse em seu território

Dias e Camarão só se reuniram aos conjurados depois que estes conseguiram, a 3 de agôsto, a vitória na Batalha das Tabocas.

A 17 de agôsto de 1645, no ataque à casa-grande, Engenho de D . Ana Pais, Henrique. Dias voltou a enfrentar os holandeses, o que desde 1640 não fazia. A resistência dos comandados do Tenente-Coronel Hendrik van Haus foi firme, mas ocupada a loja da casa-grande e iniciados os preparativos para se lhe deitar fogo, tiveram que ceder. O Governador dos pretos foi nesta ocasião ferido em uma perna “porém tanto valor mostrou que não se quiz retirar enquanto durou a bateria . . . e alcançada a vitoria, então ele mesmo se curou escaldando os buracos da ferida com uma pequena de lã de carneiro frita com azeite de peixe, e sarou em breves dias sem haver mister çurgião”.

Bm Em
Em 1654 gravou seu nome na eternidade
Henrique Dias venceu a batalha dos Guararapes
Venceu o exército holandês
Tornou-se herói da Restauração

O rei fêz mercê concedendo soldo e terras. As terras doadas, como se vê, compreendiam as da Estância que Henrique Dias defendera na guerra (e nas quais levantara uma igreja a Nossa Senhora) e ainda tôdas as que dali se estendiam até o Rio Capibaribe em frente à ilha de Santo Antônio. As casas de Gilles van Uffelen estavam situadas no próprio lugar da Estância, nas proximidades da margem do rio, a olaria de Gaspar Kock nos terrenos fronteiros à ilha depois chamada do Suassuna, e o Cemitério dos judeus, nos Coelhos. Compreendiam, portanto, grande parte do atual bairro da Boa Vista.

Insatisfeito com a recompensa partiu para Portugal em 1656.
Regressou a Pernambuco dois anos depois (1658)
Piratas holandeses – Pechelingues
Atacaram seu navio
Foi ferido novamente
Por uma pelourada

Seus últimos anos
Viveu em silêncio
Na Estância
Faleceu em 1662

Henrique Dias regressou a Pernambuco, ao que parece, no primeiro semestre de 1658 (depois de 20 de março em que se lhe passou a patente de Mestre-de-Campo) . A viagem foi acidentada, pois o navio em que vinha foi atacado e rendido de “pechelingues” — palavra que, no seu sentido restrito, no seculo XVI e princípios do XVII, designava os piratas saídos do pôrto de Vlissingen, na Província da Zeelândia, na Holanda, mas que, depois, se aplicava geralmente a todos os piratas holandeses (87) — e êle próprio ficou ferido de uma pelourada, perdendo, além disto, a sua patente.

Os seus últimos anos em Pernambuco Henrique Dias passou-os silenciosamente, talvez ocupado com os serviços do seu Terço e com os religiosos da igreja de sua Estância.

Henrique Dias faleceu em 7 ou 8 de junho de 1662, no Recife, sendo enterrado por conta da Fazenda Real no Convento de Santo Antônio, em local desconhecido.